sábado, 23 de julho de 2011

Craft Bike Transalp - Finishers 2011

A oitava e última etapa do Transalp 2011 terminou, como é tradição, em Riva del Garda (Itália). Uma pequena cidade lindíssima junto ao enorme Lago de Garda.

Lago GardaLago Garda

Foram 75km com 2.000 metros de acumulado. O inicio da etapa foi debaixo de chuva, mas como não fazia frio e com apenas 2km de etapa iniciámos uma subida de 8km, com pendentes que atingiram os 25% de inclinação, a chuva até não soube muito mal e deu para arrefecer um pouco os motores.
Nesta subida aconteceu algo de caricato, que nos fez perder algum tempo. Por causa do meu historial como ciclista de estrada, habituado a desenvencilhar-me no meio de pelotão com centenas de atletas, nesta prova, com mais facilidade conseguia avançar para a frente da corrida nos inícios das etapas. Como as etapas começavam quase todas em subida , o Zé, mais rápido que eu, apanhava-me sempre minutos depois. Só que ontem a coisa não funcionou bem. Com 2 km de etapa e metros antes do inicio da primeira subida, eu já tinha chegado à cabeça do primeiro pelotão, mesmo ao lado da equipa líder. Depois a subida começou, e logo com rampas de 25% de inclinação, e eu então comecei a descair lentamente, deixando passar lentamente os participantes até o Zé me apanhar. O problema é que o Zé vinha um bom bocado mais atrás e ainda por cima ficou bloqueado à entrada da subida porque tinha saltado a corrente a um atleta à sua frente. Passados uns 3 km de subida, comecei a achar estranho o Zé ainda não me ter apanhado. E o Zé a achar também estranho ainda não me ter alcançado, até porque ele já tinha passado por algumas equipas que costumam ser nossas colegas de grupeto, nomeadamente a equipa mista Rocky Mountain, líder desta categoria. Só que eu nesse dia tinha entrado muito bem colocado na subida e também estava-me a sentir melhor. Resolvi então parar uns minutos a meio da subida, pois pensei que o Zé poderia ter tido algum problema. Acabei até por voltar para trás.  Por outro lado o Zé tinha resolvido também voltar para trás, pois pensou que tivesse passado por mim sem dar conta! Resultado: estivemos mais de 5 minutos na subida à procura um do outro! Entretanto o Zé chegou vindo de trás e a dizer que já tinha feito o inicio da subida algumas vezes à minha procura. Enfim!
Lá seguimos nós, em bom ritmo. Faltavam ainda uns 4km para terminar essa subida mais dura. Fomos passando por várias equipas, mas não foi tarefa fácil, pois os trilhos eram muito apertados e muitas vezes apanhámos atletas a levar a bicicleta à mão.
Mas finalmente, por volta do quilómetro 40 apanhámos o grupo onde seguia a equipa mista Rocky Mountain, que era a nossa referência. Na segunda montanha, com cerca de 5km, em asfalto - fez-nos lembrar a Serra da Arrábida – colocámos um ritmo forte e fomos embora a esse grupo. Os últimos 15-18 km eram em ciclovias em asalto, até Riva del Garda. Aí o Zé Silva puxou dos seus galões, colocou a sua KTM em velocidade de cruzeiro de 40-44km/h e fomos assim até á meta. Eu limitava-me a tomar atenção às placas de direcção e avisava o Zé. Ele ia de tal maneira concentrado  que nem via as placas. Fomos apanhando vários atletas e todos se colocavam na roda, ninguém se atrevia a ajudar.
Chegada da última etapa, em 18º.Chegada da última etapa, em 18º.

Nesse dia fizemos a melhor classificação em etapas - 18º. Se não fosse aquela descoordenação na primeira subida, podíamos ambicionar a uma melhor classificação na etapa e até na geral.

O Craft Bike Transalp chegou ao fim. Foi a minha segunda aventura em BTT por etapas de nível internacional, e a primeira para o Zé.

A tão ansiada melancia após a etapa :)A tão ansiada melancia após a etapa :)

Foi uma experiência muito diferente do Titan Desert de há 2 meses atrás.
O Transalp tem um nível de exigência físico muito superior ao do Titan. Mas por outro lado,  e apesar de não ser perfeito, tem melhores condições para os atletas poderem recuperar. Ao nível da higiene, alimentação, e dos alojamentos. Também é mais acessível a nível financeiro.
Se eu disse que não voltaria a repetir um Titan Desert, apesar de ter gostado da experiência, já o Transalp seria capaz de repeti-lo. Mas teria que ser em melhores condições físicas e psíquicas, pois é uma prova que se adapta perfeitamente aos meus gostos e às minhas características como ciclista. Subidas longas e descidas rápidas com alguma técnica. Just the way I like it :)
Tenho a sensação que com, um treino adequado, uma boa estrutura de apoio, nomeadamente mecânico, e optar por dormir em hotéis, poderíamos ambicionar ao Top-5.

Os três aspectos que me deixou mais impressionado:

1ª A beleza da Áustria: Os Alpes, a arquitectura, os lagos, os castelos,… Definitivamente, quero voltar a este país com a família;
2ª A grande quantidade de mulheres a participar no Transalp;
3ª O profissionalismo de algumas equipas que estavam a discutir os primeiros lugares nesta prova. Grande quantidade de staff, várias viaturas de apoio que ficavam distribuídas por inúmeros pontos do percurso, auto-caravanas enormes, viaturas oficina,  várias bicicletas para cada atletas, …

 O que vai ficar mais marcado na minha memória: a beleza dos Alpes vista de dentro.
Recomendo vivamente :)

8 dias, 670km, 21.500mts de subidas, para recebermos estas jerseys.8 dias, 670km, 21.500mts de subidas, para recebermos estas jerseys.

Termino por agradecer os vários apoios que este projecto recebeu e o tornaram possível:
Garmin Portugal – Por nos ter conseguido as inscrições, os GPS Garmin Edge 800 para as bikes e o Garmin Nuvi para a viatura que nos deu assistência em prova;
GoldNutrition – que tratou das nossas passagens aéreas, assim como de toda a suplementação fundamental para este tipo de provas. Para além dos já habituais Goldrink Premium, Fast Recovery, Extreme Gel e Extreme Bar, se não fosse o Muscle Repair, o ZMA e o SAFE, os nossos músculos e sobretudo joelhos, não teriam aguentado os mais de 650km e 21 mil metros de subidas acumuladas, sob dias de calor, outros de frio e neve e de chuva:
LPA – Solutions for your future – Empresa nacional de metalúrgica, que à última da hora entrou financeiramente no projecto e viabilizou esta nossa aventura;
Fullwear – marca de roupa desportiva, que já me acompanha há 4 anos, e nos equipou com o que de melhor se faz em Portugal;
Cristina Ponte – Massagista que embarcou connosco nesta aventura. Para além de massagista, foi directora desportiva, motorista e mais importante, amiga;
Aktive – Lojas de desporto, já era patrocinadora do Zé Silva, mas que de imediato se prontificou a apoiar este projecto;
- A nível mais pessoal quero agradecer também à Maxxis, pois por incrível que pareça, os mesmos pneus que utilizei no Titan Desert da primeira à ultima etapa (e sem furos) foram os mesmos que levei para as 8 etapas do Transalp e também sem um único furo! Quais são eles? Maxxis CrossMark 2.1 LUST (tubeless). Um pneu para todo o tipo de terreno e condições. Nunca foi grande especialista em descidas técnicas, mas com estes pneus nunca me deixaram para trás neste Transalp.
Agradeço também à BikeZone, por me disponibilizar a Cannondale Flash Ultimate, os óleos MucOff, e os acessórios Topeak.
Deixo para último o agradecimento mais importante: à minha esposa e aos meus filhos, por pela segunda vez num espaço de 2 meses terem prescindido da minha presença, e me permitirem fazer aquilo que é uma das minhas paixões – participar em eventos de bicicletas.

Até à minha próxima aventura, possivelmente com outra denominação,

Vitor Gamito
Lago GardaLago GardaChegada da última etapa, em 18º.Chegada da última etapa, em 18º.A tão ansiada melancia após a etapa :)A tão ansiada melancia após a etapa :)8 dias, 670km, 21.500mts de subidas, para recebermos estas jerseys.8 dias, 670km, 21.500mts de subidas, para recebermos estas jerseys.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

CRAFT BIKE TRANSALP – 7ª ETAPA – “Quanto mais magro está o cão…”

Hoje fizemos a etapa mais longa desta edição do Transalp. Foram 122km com 2500 metros de subida acumulada. De forma resumida podemos descrever a etapa da seguinte maneira: Subida pouco inclinada de 4km, descida de curvas e contra-curvas de 15km, subida lenta de 23km em gravilha, descida em alcatrão de 15km, ciclovia em asfalto de 25km, subida de 5km, e por fim, descida em asfalto, até à cidade de Trento, de 8km. Feitas as contas, fizemos cerca de metade da etapa em asfalto, o que resultou numa média horária, do grupo onde seguíamos, de 26km/h. Hoje chegámos com as duas primeiras equipas mistas. Rolámos sempre num ritmo relativamente confortável. No troço das ciclovias fomos quase sempre entre 32-36km/h.



Mas o inicio da etapa não foi nada fácil. Hoje descuidámo-nos com os horários, e quando fomos colocar as nossas bikes no bloco do costume – o B, já lá estavam mais de 100! A somar  a todas as bikes do bloco A, tínhamos mais de 200 atletas à nossa frente. Não tínhamos ideia da diferença que fazia entre deixar as bicicletas na linha da frente do bloco B e ficar a meio deste. O resultado foi uma perseguição de aproximadamente uma hora, até chegarmos às equipas que estamos mais habituados a ver durante as etapas, nomeadamente as duas atletas femininas mais bem classificadas. Durante essa perseguição, o Zé ainda teve que passar por cima de um atleta que tinha caído, juntamente com outro, mesmo á sua frente.


Todos os dias tem havido quedas. Algumas graves. As descidas apesar de não serem muito técnicas, são sempre propicias a altas velocidades, o problema é que geralmente são cobertas de gravilha muito solta. A rodas fogem com muita facilidade. Felizmente, eu e o Zé ainda não pontuámos nesta classificação. Esperemos que não seja na última etapa.

Hoje o lanche da chegada era mais completo. Meloa, melancia, uvas, pão com fiambre, pão com queijo, tartes, iogurtes,… O Zé comeu umas 15 fatias de meloa, e eu perdi a conta da melancia que comi. Depois da barrigada de fruta, fomos procurar a zona BIKE WASH. Não foi fácil, pois as marcações da organização têm sido muito deficientes. Não fosse a Cristina a fazer o reconhecimento das localizações importantes, e a esta hora ainda andávamos perdidos no meio da cidade de Trento, à procura do pavilhão onde vamos ficar instalados esta noite.

Na crónica de ontem, referi que as bicicletas ainda não tinham dado problemas. Mas falei cedo demais! Hoje quando fomos buscá-las ao parque das bicicletas, a do Zé tinha o travão da frente desafinado. Quase não travava. Para além disso, os rolamentos dos pedais, tanto os meus como os do Zé, estão quase gripados. A ver se aguentam a última etapa. Já para não falar do bloco de pedaleiro da minha Cannondale, que estala por todos os lados. Resumindo: não é fácil fazer 8 dias de Transalp sem assistência mecânica.



Mas não são só as bicicletas a precisar de tratamento. O meu joelho direito começou hoje a queixar-se com mais intensidade, para além das dores de ombros, pernas e pescoço que já me habituei. E o Zé espetou dois dentes da pedaleira na canela. Costuma-se dizer: “quanto mais magro está o cão, mais as pulgas lhe mordem”.
No momento que estou a escrever esta crónica, estou instalado num canto do pavilhão de basquetebol e tenho uma vista privilegiada para os mais de 250 atletas que dormem connosco no acampamento. Curioso ver que quase todos os homens já têm barba grande. Para além do cansaço acumulado, não é fácil cortar a barba nestes acampamentos, primeiro porque os lavatórios são sempre em número muito insuficiente e depois porque parece que em Itália não existem espelhos. Sempre ouvi dizer que os italianos eram vaidosos!

Dos atletas que dormem no acampamento facultado pela organização, quase sempre em pavilhões ou escolas, somos sempre os primeiros a chegar, pois todas as equipas que chegam à nossa frente nas etapas, têm uma estrutura de apoio montada e dormem em hotéis. Como tal nunca tivemos dificuldade em tomar banho ou arranjar um lavatório para lavar a roupa. Como a Cristina também chega primeiro aos acampamentos, reserva-nos sempre o melhor lugar dos pavilhões para estendermos os nossos sacos-cama.


Amanhã, finalmente, é a última etapa. Serão 76km com 2162 metros de subida acumulada. A maior dificuldade é logo no inicio, com uma subida de 8km. Além desta temos mais duas, mas mais curtas. A chegada será em Riva del Garda, junto a um lago lindíssimo.


Não sei se amanhã terei oportunidade de escrever a crónica, por isso despeço-me com
 “Até já” :)
Vitor Gamito

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Craft Bike Transalp – 6ª Etapa – “Já sobra”

Felizmente as previsões de chuva não se concretizaram. O dia amanheceu frio mas sem nuvens. Mesmo assim arrancámos para a 6ª etapa um pouco desconfiados com o tempo. Eu levei uma camisola interior de lã, não fosse a chuva estar à nossa espera no lado das montanhas.


Como tem sido habitual, fizemos alguns quilómetros iniciais por alcatrão, hoje até eram a descer. Mas ao quilómetro 5 saímos da estrada principal e entrámos numa pequena aldeia. A partir daí foram cerca de 20km quase sempre em subida, algumas rampas eram tão inclinadas e escorregadias que tínhamos que carregar a bicicleta à mão. Nessa altura arrependi-me logo de ter levado a camisola interior de lã. Transpirava em bica!
Demorámos quase duas horas a percorrer estes primeiros 20km. Nesta altura até estávamos bem posicionados, íamos num pequeno grupo no qual ia a primeira atleta feminina. Não deveriam ir mais de 15-20 equipas á nossa frente.
Mas por volta do quilómetro 20, tive um corte de corrente. E nem foi a nível físico. A capacidade de sofrimento tinha chegado ao fim. Há muitos anos que não sofria tanto e tantos dias seguidos em cima da bicicleta. E a etapa de ontem terá sido a gota de água.

Durante a etapa de hoje pensei muitas vezes porque me tinha metido nisto. “Que necessidade tenho eu de estar numa prova de oito dias, nos Alpes, e mal preparado?! Vinte anos da minha vida foram passados em competições de bicicleta. Com muitas alegrias, é certo, mas também com muito sofrimento, dor e decepções. Nessa altura sofria em cima da bicicleta porque era a minha profissão. Terei eu necessidade de continuar a prolongar esse sofrimento?”
Disse mal dos Alpes, disse mal da organização que escolheu todas estas subidas e disse mal de mim mesmo por ter tomado a decisão de vir ao Transalp, apenas um mês e meio depois do Titan Desert.


O Craft Bike Transalp já me estava a sobrar.
- Zé, estou farto desta paisagem, estou farto de subir, dói-me o corpo, e não devia ter vindo ao Transalp sem treino adequado. A partir de agora vou em ritmo de passeio, que se lixe à classificação!
- Pois, para a próxima tens que treinar. – Respondeu-me o Zé
- Não Zé, para a próxima… não venho.
Depois disso tirei andamentos, e fomos mais tranquilos. Na zona de abastecimento seguinte parámos tranquilamente para comer e beber. Tenho a sensação que o Zé comeu meio melão.
Entretanto passaram mais de 20 equipas por nós. E nenhuma tinha um ritmo ideal para seguirmos junto com eles. A etapa parecia quase sempre a subir. Sempre que aparecia uma descida parava de pedalar para desfrutar ao máximo desse momento, pois sabia que de seguida viria mais uma subida.

Demorámos 4h36 a fazer os 74km da etapa, com 3156 metros de subida acumulada. Hoje, e apesar da paisagem ser mais uma vez espectacular, estava farto. O Zé, sem culpa nenhuma deste meu cansaço, leva também por tabela, pois tem que seguir ao meu ritmo, que apesar de não ser dos mais lentos, é muito abaixo daquilo que ele poderia andar.

Terminámos a etapa às 13H40. Como tem sido habitual, na zona de meta hà uma tenda com algo para lanchar. Este lanche varia de dia para dia. Uns dias tem sido espectacular, outros nem por isso. Caso de hoje. Tínhamos apenas fruta, passas de uva e barras energéticas. Isto não é alimentação para recuperar de um esforço tão duro! Felizmente que viemos prevenidos de Portugal, com Fast Recovery e Goldrink Premium em quantidades suficientes para os 8 dias de prova. De qualquer forma, a Cristina já foi a um supermercado comprar pão, bolachas e sumo.

No momento em que estou a escrever esta crónica, são 17:12 e chove torrencialmente, e ainda faltam chegar atletas. Alguns destes têm demorado mais de 8 horas a cumprir cada etapa deste Transalp. Chegam à hora do jantar e o cansaço é tal que já nem se dão ao trabalho de lavar a roupa e muito menos a bicicleta.

Por falar em bicicletas. Quer a minha Cannondale, quer a KTM do Zé, têm-se portado de forma exemplar. Viemos sem mecânico. A única manutenção tem sido passar por água e pôr óleo na corrente no final de cada etapa. Nada mais.
Uma curiosidade: cerca de 30-35% das bicicletas neste Transalp, já são de roda 29’’. Tendências ou não, isto já não é o futuro, mas sim o presente.

Faltam duas etapas. Amanhã temos 123km com 2600 metros de acumulado. Se chover vai ser mais um filme de terror.

Até amanhã,
Vítor Gamito

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Craft Bike Transalp: 5ª Etapa - "Dia de terror"

Hoje ao acordar encarámos com um dia chuvoso e frio. Prevíamos que ia ser uma etapa molhada, mas não imaginámos que iríamos passar tanto frio e por tantas dificuldades como passámos.

A etapa começou em San Vigilio, a 1200 metros de altitude, debaixo de chuva torrencial e com 7ºC de temperatura. Começámos logo a subir até aos 2200 metros. Á medida que subíamos a chuva transformou-se em neve, e a subida, em gravilha, a inclinar cada vez mais. No topo da subida faziam cerca de 0ºC. Eu saí para a etapa com roupas apropriadas para o frio. Já o Zé, nem por isso. Levou uma luvas de verão. Enquanto eu senti alguma dificuldade durante a subida, não só pela minha fraca forma física, mas também pela quantidade de roupa que levava. Mas quando começámos a descer, a situação inverteu-se. A descida era algo técnica, sobretudo pela quantidade de pedra solta, e o Zé mal sentia as mãos! Teve muita dificuldade nas duas descidas mais longas da etapa. Além da dificuldade em manobrarmos a bicicleta, também não conseguíamos chegar com as mãos aos bolsos da jersey para tirar comida. Aliás, até para tirar o bidão da bicicleta tínhamos dificuldade! Foi um suplicio! Nas descidas fomos passados por muitas equipas. Imaginámos que estariam mais de 70-80 equipas à nossa frente. Ao km 30, no primeiro abastecimento, vimos uma placa informativa – “20km to finish”. Bendita placa! Se tivéssemos que cumprir os 72km da etapa, não saberíamos como o fazer. Eu não parava de bater o dente, e o Zé só dizia mal da vida porque não sentia as mãos. Acho que até tinha estalactites na ponta do nariz.
Eu contava um a um os quilómetros que faltava para perfazer os 20km. Mas julgava que o corte de 20km na distância da etapa nos deixava na mesma vila que estava inicialmente prevista a chegada da etapa – Alleghe. Tal não é o meu espanto quando chegamos à meta improvisada, e esta estava no meio do nada. E agora, como vamos para Alleghe?! Quantos quilómetros são até lá?! A organização indica-nos então o caminho para Alleghe: “Sigam de bicicleta pela estrada principal. São cerca de 20km até lá”. Xii, gelados e sem energia, ainda tínhamos que fazer mais 20km até ao local onde estava o acampamento e onde a Cristina nos aguardava.
As equipas da frente tinham as respectivas caravanas e carrinhas na meta à espera dos seus atletas para os levar para Alleghe. Nós, e muitos outros tivemos que ir de bicicleta. Quando começámos a percorrer a estrada nacional que nos tinham indicado, subimos mais de 5 quilómetros que nos levaram até ao Col de Gallina, a 2.200 metros. Fazia muito vento e frio. Demorámos mais de 40 minutos a fazer esses 5km. Durante o caminho mal falámos um para o outro, tal era o desgaste que levávamos. Chegado ao cume do Col de Gallina, descemos cerca de 15km, em curvas e contracurvas. Passámos ao lado da Mormelada, uma subida mítica do Giro de Itália.
Terminada a descida, foram ainda mais 5km planos até Alleghe. Feitas as contas, acabámos por fazer os mesmos quilómetros que estavam inicialmente previstos para a etapa. Neste momento temos mais 22km quilómetros que a maioria das equipas que estão à nossa frente na classificação. Por falar em classificação, hoje fizemos 32º. Bem melhor do que imaginámos. Mas hoje nem sequer o Zé queria saber da classificação, só pensávamos mesmo em chegar ao acampamento e tomar um duche de água bem quente e beber algo também bem quente.

Quando chegámos a Alleghe, tínhamos chá quente, cubos de chocolate negro e tartes à nossa espera, mas por outro lado, recebemos a informação que o acompanhamento ficava noutra localidade a 5km. Desta vez fomos de carro.

Quando chegámos ao acampamento tivemos outra surpresa. Estávamos instalados nos balneários…femininos. Por nós, sem stress. Não ficámos incomodados. E como a maioria das atletas, nesta prova, são nórdicas, também não ficaram nada incomodadas. Até porque havia uma porta a separar a zona dos cacifos, onde tínhamos os sacos-cama, da zona dos duches.

Amanhã também não vai ser tarefa fácil. São 74km, com 3200 metros de acumulado. Vamos subir novamente até aos 2200 metros de altitude. O nosso único desejo é que as condições climatéricas sejam mais adequadas à prática do BTT no meio dos Alpes, já que, com as subidas cá nos vamos amanhando.

Agora temos roupa para esfregar.
Até amanhã,
Vitor Gamito

terça-feira, 19 de julho de 2011

Craft Bike Transalp - 4ª Etapa - "E outra, e outra, e outra..."

Hoje, supostamente, foi a etapa mais dura deste Transalp. Será?! Acho que já tinha dito o mesmo da segunda etapa!
Não há adjectivos para classificar a etapa de hoje em termos de dureza. Foram 72km com 3500 metros de subidas acumuladas.
Hoje terão desistido vários atletas. Aliás, durante a etapa de hoje reparámos que já havia muitas equipas só com um elemento, não contando, desta forma, para a classificação.

Com apenas 2km de etapa já estávamos a subir. Foram 17km sempre para cima. A parte mais dura ficou guardada para o final, com rampas de mil metros com mais de 25% de inclinação! Seguramente que mais de 75% dos atletas tiveram de fazer estas rampas a pé. Terminada esta primeira montanha, pensávamos que iríamos descer em igual proporção. Enganem-se! Mal descemos e já estávamos a fazer mais rampas. E foi assim quase toda a etapa. As descidas passavam muito rápido e as subidas demoravam hora e meia, duas horas a ser transpostas. A última subida então demorou uma eternidade. Quando pensava que já tinha terminado, mais uma rampa, e outra, e outra,.... Quase não houve sequer tempo para comer, pois rectas quase não existiam. Uma das vezes que tentei ingerir uma barra numa subida, fiquei com ela na boca uns bons 5 minutos, não a conseguia mastigar e respirar ao mesmo tempo! À conta disto, acabou-se-me a gasolina a meio da última subida. Passei uns quilómetros bastante mal, na reserva. Já chamava nomes à organização, e dizia mal da vida. Depois lá consegui ingerir um Extreme Gel, e a coisa melhorou. Demorámos 4h30 a fazer 72km, média de 16km/h.

Apesar da minha forma física já não ter salvação para esta prova, hoje senti-me um pouco melhor. Durante a hora e meia que demorámos a fazer a primeira subida, passei o tempo todo a olhar para o rabo da atleta que é segunda classificada. Atenção: para quem não sabe, “olhar para o rabo” significa pedalar sempre colada a ela ;) Fiquei impressionado com a técnica desta alemã a descer.
Depois na segunda subida deixámos essa equipa mista para trás e apanhámos a primeira. E mais uma vez, segui na roda da atleta durante bastante tempo. O ritmo destas atletas era mesmo ao mesmo jeito. Sobem certinho, sem variações de velocidade. Só que esta equipa subia certinho demais para o meu gosto, e tive que os deixar ir na última subida.
Hoje fizemos 23º lugar, devemos ter subido bastante na classificação, pois as diferenças de tempo hoje eram grandes. O Zé para não variar, fez mais um treininho. Mesmo assim, até para ele, hoje foi mais puxadote. Fez média de 130 de pulso, lol.


Na etapa só ia a pensar na melancia que iria comer no final da etapa. Mas tivemos uma surpresa: não havia melancia. Aliás, hoje o foi o lanche mais fraco, só havia uma mistura de massa fria com pimentos e azeitonas, e pêssegos. Salvou-me o Fast Recovery e as bolachas que o Zé Silva trouxe de Portugal :)
Agora, estamos instalados numa escola primária em San Vigilio (Itália), uma vila denominada a “princesa das Dolomitas”, a 1200 metros de altitude. Mas se acham que amanhã a etapa começa em descida, estão enganados. Vai começar com uma “subidinha” de 18km que nos vai levar até aos 2400 metros de altitude.
Neste momento já fomos massajados pela nossa Cristina Ponte, e aguardamos as 18h00 para irmos ao pasta party. A Team Garmin/GoldNutrition pode não ser a primeira nas etapas, mas chega sempre na frente no que toca ao pequeno-almoço e ao jantar :)

E já só faltam 4 etapas.

Até amanhã,
Vitor Gamito

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Craft Bike Transalp - 3ª Etapa - "É como ir ao Porto e não comer Francesinha"

Esta noite ficámos num pavilhão com mais 200 atletas. Até aqui tudo normal. Mas se disser que só havia 4 duches, um lavabo e um sanitário para esta gente toda, tanto para homens como para mulheres, já a coisa muda de figura. O “truque” para não encararmos com uma fila enorme logo pela manhã é deitar bem cedo, cerca das 21h30 e acordar antes de todos os outros. Ás 5h20 da matina já estávamos a correr para os lavabos, e às 6h00 na porta do restaurante onde seria servido o pequeno-almoço. É interessante ver que cada dia que passa o pessoal levanta-se mais tarde. Porque será? :)
Hoje o dia acordou com um aspecto completamente diferente dos anteriores. A chuva, o frio e a neve esperavam por nós. Felizmente vim preparado para todas as condições climatéricas. Eu dou-me muito mal com o frio e se nesta prova estivesse a disputar alguma classificação de relevância ficaria muito chateado com as condições climatéricas de hoje. Mas como não é o caso, até acabou por ser divertido. Vir aos Alpes e não andar na neve será como ir ao Porto e não comer uma Francesinha. Mesmo que não se goste :)

A etapa de hoje tinha 94km, com inicio em Mayrhofen (Austria) e meta em Brixen (Itália). Com 2.200 metros de subida acumulada, era considerada das mais fáceis. Apenas com uma subida inicial de 27km, seguida de uma descida de uns 15km e o resto da etapa praticamente a rolar e com muito asfalto. A história de hoje esteve quase toda ela centrada na subida. A primeira metade em estrada de asfalto, mas com a chuva a cair copiosamente e a segunda metade por caminhos de montanha, em que a chuva foi substituída por neve. O cenário era lindíssimo! Um carreiro de betetistas, a serpentear montanha acima sobre um manto branco. Os últimos 3-4 km tiveram que ser feitos a pé, pela quantidade de pedra e de gelo que havia. Demorámos cerca de 30-40 minutos a fazer esse percurso a pé. Até desfiz as capas dos sapatos. Houve um momento num trilho mais ciclável, que tentei encaixar os sapatos nos pedais e não conseguia. Não entendia porquê. Primeiro pensei que fossem as capas dos sapatos, depois a lama. Mas nem uma coisa nem outra. Era gelo! Tinha uma capa de gelo por debaixo dos sapatos. Para conseguir retirar esse gelo tive que bater com uma pedra nos sapatos. Aproveitei a paragem para trocar de luvas, pois já não sentia os dedos. Tive a feliz ideia de levar um segundo par de luvas.

Já bem próximo do final da subida, a cerca de 2.200 metros de altitude, demos de frente com dezenas de vacas. Algumas teimavam em não sair do nosso trilho. Tivemos quase que pedir por favor. Nesse momento pensei: “Com este frio estas vacas não devem dar leite. O mais certo é darem sundaes”. Como fiquei com inveja do Zé Silva, que na primeira etapa fez festas a uma vaca, hoje parei eu e fiz o mesmo, com o bónus de uma outra ter-se aproximado para receber também festas.
Até ao topo parámos mais algumas vezes para admirar a paisagem. Sobretudo olhar para baixo e ver o carreiro de ciclistas a subir até ao local onde me encontrava. Lindo!
Feita a parte mais interessante da etapa, seguiu-se a descida para Itália. Não era perigosa, pois era muito suave e não havia neve.
Depois vieram os largos quilómetros em ciclovias asfaltadas e alguns single-tracks no meio da mata.
A titulo de curiosidade demorámos tanto tempo a fazer os primeiros 30 quilómetros, como os restantes 64km da etapa. Duas horas.
No final tínhamos umas belas sandes de presunto. Acompanhado de Fast Recovery caiu que nem ... sandes de presunto com Fast Recovery ;)

Hoje fizemos 38º, melhorámos 3 lugares em relação a ontem. Eu já  avisei o Zé que o combinado era melhorar um lugar por dia, e não 3.
Ultrapassada a etapa de transição, amanhã espera-nos 73km com 3.500 metros de subida acumulada. Uiii! Vai doer.

Hoje há que aproveitar ao máximo para descansar. Num pavilhão com 300 atletas?! Não vai ser tarefa fácil! Assim como não vai ser fácil a roupa da etapa de hoje que temos para lavar.

ADENDA: Estava a esquecer de contar - esta noite houve um atleta que foi "convidado" a transferir o seu saco-cama para a casa de banho. Tal era o roncar do homem que não deixava dormir ninguém. De manhã ia tropeçando neste senhor que dormia como um santinho no meu do WC. LOl.

Até amanhã,
Vitor Gamito

domingo, 17 de julho de 2011

Craft Bike Transalp - 2ª etapa - "Faltam 40 dias"


Craft Bike Transalp, segunda etapa concluída. Era a mais curta, mas não sei se haverá alguma ainda mais dura que esta!
Mas antes disto, só um pequeno aparte. As noites são elas próprias uma aventura. Imaginem 150-300 pessoas dentro de um pavilhão espaçados por cerca de 50-70cm, uns a ressonar, outros com os sonos trocados que adormecem às 20h e acordam ás 4h da matina, outros que falam até às tantas, e por fim os que fazem um roído de tempos em tempos e que vêm acompanhados com um cheiro nada agradável. Felizmente trouxemos tampões para os ouvidos que funcionam a 80%. Os 20%  de ineficácia tem a ver com o facto de não protegerem dos cheiros.


Bem, mas como ia dizendo, a dureza da etapa de hoje não fica atrás de uma etapa rainha do Tour de France, aliás arrisco a dizer que mais dura ainda, pois em apenas 68km fizemos duas montanhas que poderiam ser classificadas como categoria especial e uma de primeira categoria. Foram 2911 metros de acumulado em 68km!! Com apenas 3km de etapa já estávamos a fazer a primeira montanha com percentagens de inclinação na ordem dos 20%.
Ok, nunca fiz o Tour de France. Mas já o Dauphine Liberé que tem etapas iguais às do Tour de France, já fiz subidas como a Madeleine, Glandon, Coq, Aspin,…


Hoje arrancámos da segunda box. Mas com alguma facilidade conseguimos chegar à frente e iniciámos a subida com os lideres. A ideia era ver se eu hoje estava melhor para tentarmos subir alguns lugares na classificação. A primeira montanha até correu bem. Não havia mais que 10-15 equipas à nossa frente. Mas na segunda subida, a mais longa e dura, as forças voltaram a faltar-me, e tive que seguir no meu ritmo. Não havia nenhum grupo que fosse confortável para mim. O Zé mais uma vez teve que fazer quase toda a etapa em ritmo de passeio. E eu sempre a gerir as poucas forças que me restam. Cheguei à meta mesmo na reserva! Demorámos 4h05 a cumprir os 68km. Apesar da Heidi da marreta me ter acertado de novo na segunda montanha do dia, ainda assim fizemos 41º, melhor um lugar que ontem. Feitas as contas, significa que daqui a 40 dias ainda vencemos uma etapa :)



O melhor de tudo, para além da paisagem que já nos começamos a habituar, foi o lanche que estava à nossa espera. Melancia, bolos deliciosos, e…chocolate Milka, de vários tipos. Grande barrigada que apanhei! Só foi pena hoje não haver cerveja!


Amanhã temos 95km, mas “apenas” com uma subida de 25km, depois é sempre a descer e a rolar J O que mais desejo neste momento, além da praia, é que continue a não chover. Neste momento estão a cair umas pingas, mas não faz frio.
A vila onde estamos é lindíssima. No final do Transalp, vamos criar um álbum com todas as fotos que estamos a tirar.

Até amanhã,
Vitor Gamito

sábado, 16 de julho de 2011

CRAFT BIKE TRANSALP - 1ª Etapa - " A Heidi da marreta"

Primeira etapa do Transalp concluída. 96,55km, com 2200 metros de subida acumulada, em 4h09. Até parece pouco acumulado, mas se vos disser que este acumulada foi só de 3 subidas, com mais de 10km cada uma delas, já o cenário muda de figura. Por falar em cenário, posso dizê-lo, sem sombra de dúvida, que hoje assisti às paisagens mais belas dos meus 41 anos de vida. Os Alpes austríacos e o lago Ashensee também na Áustria junto a uma localidade com o nome de Perllisau, a cerca de 950 metros de altitude, vão ficar gravados na minha memória para toda a vida. Prometi a mim mesmo, que num futuro próximo voltarei aos Alpes, mas de autocaravana e com a família. Só pela etapa de hoje, já valeu a pena vir ao Transalp. O dia esteve também espectacular. Desde 15ºC na partida até aos 25ºC à chegada, e muito sol.


No aspecto competitivo, fiquei admirado pela confusão da partida. O conceito utilizado nesta prova é muito semelhante ao do que é utilizado nas provas da taça de maratonas nacionais, só que de um modo muito mais desorganizado. Haviam 3 boxes:  a primeira em que se posicionavam os vencedores dos anos anteriores e as equipas profissionais, e depois uma segunda e uma terceira boxe. Foi nestas duas que imperou a confusão. Supostamente seria o número do frontal a determinar a boxe de cada equipa, mas como havia apenas um elemento da organização a controlar a entrada na segunda boxe, a determinado momento, começaram a invadir esta boxe. Como o nosso frontal é o 49, avançámos também para a primeira boxe.


Dada a partida, às 10h00, rapidamente conseguimos chegar aos primeiros 10 lugares, mas logo ao inicio da primeira subida, ficou confirmado aquilo que já tinha quase como certo: a minha forma física já teve melhores dias. Zé, eu avisei! Já andava a avisar há algum tempo o meu companheiro Zé Silva, e não só, para não contar com grandes prestações desportivas nesta prova. Mas o Zé pensava que eu andava a fazer bluff. Zé, eu não faço bluff. Desde o Titan Desert que nunca mais consegui me sentir bem. Falta força, as dores musculares são acima da média e mais importante, a vontade e o espírito de sacrifício que é necessário para treinar depois de um dia de trabalho, nunca mais apareceu.
Hoje foi um dia muito complicado, mais do que para mim, foi para o Zé Silva. O Zé é um “cavalo de corrida” que está habituado a andar sempre na frente. Desde que começou a competir em BTT, há cerca de 4 anos, o mesmo número de anos que o treino, nunca passou pelo que foi obrigado a passar hoje. Hoje foi passado por mulheres, veteranos com mais de 50 anos, e até de um atleta com uma prótese numa perna! O Zé, demorou cerca de 50 quilómetros a digerir esta situação. Quase não falava e quando falava era para me dizer: “Bora que isso daqui a pouco melhora”. “Zé, garanto-te que não melhora”, dizia eu. A partir do quilómetro 50, perto do final da segunda montanha, lá tirou o chip de competição, e começou a apreciar a paisagem. Inclusive parou no meio da subida para fazer uma festa a uma vaca. Diga-se de passagem que a vaca era mesmo linda, não era a vaca roxa da Milka, mas estava muito bem tratada, com o pêlo brilhante e bem gordinha. Até tenho a impressão que a vaca olhou para o Zé e sorriu. Bem, se calhar eu já estava com falta de açúcar no sangue, ou então a Heidi que tanto procurei, tinha uma marreta e acertou-me mesmo em cheio.
Bem, vaca para trás, e terminámos a montanha mais longa do dia, que antecedeu uma descida também muito longa e algo perigosa. Com gravilha solta. Assistimos a algumas quedas aparatosas. Nestas descidas com dezenas de quilómetros, as máquinas e sobretudo os travões e discos são levados ao limite.
Depois rolámos uns bons quilómetros em asfalto, mesmo junto ao tal lago lindíssimo, e finalizámos com uma subida de 10km para a meta. Admito que esta já sobejou. Estava farto de subir!


A meta estava numa aldeia também lindíssima, onde estamos também instalados, com vista para os Alpes. Só visto, mesmo!
A organização tinha umas mesas montadas com fruta (melão, bananas e maçãs), barras de cereais (Corn do Lidl J ), e claro: cerveja. Eu bebi logo um caneco. Que bem que soube. Depois disto, é que veio o Fast Recovery, mas numa versão austríaca: com água com gás. Pois, vocês não sabem a dificuldade que é, em arranjar água sem gás, nesta zona!
Depois por curiosidade, fomos ver as classificações. Fizemos 42º nos escalão Elite. Muito melhor do que eu estava à espera! Tendo em conta que íamos a andar em ritmo quase de passeio, tenho a sensação que se eu estivesse ao nível que me apresentei no Titan, ficaríamos nos 10 primeiros. Só por curiosidade, a primeira equipa mista fez 14º na geral.
Amanhã é a etapa mais curta, cerca de 68km, mas uma das mais duras, com 2.900mts de subida acumulada. Vai doer. Mas neste momento o nosso principal objectivo é não cair. O segundo é chegar ao fim, e o terceiro é desfrutar deste ambiente espectacular e das paisagens lindíssimas. Depois disto, se der para subir uns lugares na classificação, não vou dizer que não ;)


Quanto às outras equipas tugas. Pelo que sei correu tudo bem, não houve grandes azares, segue tudo em prova.
Bem, são agora 18h00, já recebemos a massagem da Cristina Ponte, agora é hora da “pasta party”. Até amanhã.
Bem, entretanto como a minha placa Internet estava sem linha, já fui ao pasta party e agora estou no press-office. Posso dizer que estivemos mais de 40 minutos na fila para comer um prato de macarrão com molho de tomate. As bebidas eram a pagar, e salada ou sobremesa…niente! Ok, na desportiva, sem stress. Foi assim para quase todos. Lá tivemos que mandar vir mais dois canecos de cerveja… a 3 euros cada. Se estás na Austria, há que ser Austríaco.


Agora sim, até amanhã.
Vitor Gamito